Juca Martins
Transmasculino não binário, psicólogo, 26 anos. Minha atuação abrange a Psicologia Social e Clínica, apostando na coletividade para construção de novas práticas de cuidado e promoção de políticas públicas.
Durante a graduação em psicologia, dediquei grande parte das atividades de estágio à Rede de Atenção Psicossocial - RAPS. Integrando essa ampla rede, comprometida com a realização de atividades em vários espaços da cidade, junto a grupos, coletivos e movimentos sociais, visando à saúde integral da população, pude compreender a importância da articulação com diversos setores na promoção da saúde. Assim, passamos a considerar a saúde mental e todos os seus determinantes, como trabalho, moradia, alimentação, lazer e acesso a direitos básicos, entre outros.
Minha experiência formativa no departamento de Políticas Públicas e Clínica Crítica na Unesp de Assis, participei ativamente de várias atividades e projetos. Em conjunto com o projeto de extensão e grupo de pesquisa "ClinicArte", organizamos diversas ações formativas e educativas em colaboração com a Rede Municipal de Saúde da cidade. Isso incluiu a organização, apresentação de trabalhos e intervenções relacionadas a Sexualidades, Gêneros, Saúde Mental, Direitos Humanos e combate à discriminação.
Além disso, desempenhei um papel na Comissão Organizadora do Projeto Cine Debate Universitário - Cine C.U. Durante esse período, também realizei acolhimento e acompanhamento psicoterapêutico para adolescentes e adultos, além de organizar e ministrar formações destinadas a profissionais da saúde pública da cidade. O objetivo dessas atividades era integrar as práticas psicológicas com as artes, envolvendo equipamentos, profissionais e usuários da saúde. Realizamos ações educativas em locais estratégicos, como Unidades Básicas de Saúde, escolas e Conselhos Municipais, abordando temas como Inclusão Social, Ações Afirmativas, Saúde Integral para a População LGBTQIAP+ e Direitos Humanos. No final da minha colaboração com o grupo, desenvolvemos uma cartilha formativa para os docentes da Universidade Paulista, abordando temas relacionados à diversidade de gênero e sexualidade. A leitura da cartilha e a resposta a um questionário foram estabelecidas como pré-requisitos para a atuação desses docentes no ano letivo de 2022. Essas estratégias visavam minimizar as violências dentro dos espaços formativos, resultado do alto número de evasões da população LGBTQIAP+ desses ambientes.
No IBRAT-SP, sou membro da pasta de Projetos de Saúde Mental, onde desenvolvo atividades e projetos direcionados à população transmasculina. Além disso, o IBRAT-SP participa ativamente do Comitê de Saúde Integral da População LGBTIA+ do Estado de São Paulo, do qual sou membro.
Também integro a equipe de pesquisa do "Mapeamento da População Trans do Estado de São Paulo", atualmente em andamento na Região Metropolitana da Baixada Santista. Esta pesquisa é uma iniciativa conjunta da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP e do Centro de Referência e Tratamento - CRT IST/AIDS. Seu principal objetivo é conhecer as condições de vida e saúde das pessoas trans na região da Baixada Santista, com a perspectiva de expandir o estudo para todo o estado.
Como Psicólogo Clínico e Social, busco na construção da minha escuta clínica um espaço de acolhimento que caminhe pelas experiências, percebendo e acolhendo as diferenças que nos atravessam e nos constituem. Através da ampliação de referenciais, busco observar e sentir a clínica a partir de uma visão transdisciplinar.
Assim como as transidentidades são múltiplas, precisamos de práticas múltiplas de cuidado. A produção de saúde pede a articulação entre os movimentos sociais, entre as políticas públicas, assim como com outros setores da sociedade, incluindo arte, cultura e política. A saúde mental se faz e se pensa entre muitas pessoas. Por isso, acredito muito na potência dos movimentos que que se esforçam para reconhecer e dar visibilidade às necessidades frequentemente negligenciadas no âmbito político e nas práticas cotidianas
